The projections city – A cidade das projeções

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009





Por: Gustavo Pestana




João morava em projections city, conhecida como a cidade das projeções. Ele conhecia várias pessoas nessa cidade, mas ele não era natural de lá. João nascera na cidade dos conteúdos, cidade muito próxima de projections city.


Projections city era a cidade mais colorida do mundo. Nela, as cores vibravam e brilhavam mais que o normal, o vermelho era cintilante e o azul, anil.


O que deixava João perplexo era a impossibilidade de estabelecer relacionamentos reais nessa cidade, pois todos eram projeções. Projeções de outras cidades. O fato que João percebeu logo ao entrar na cidade, foi que todas as pessoas que estavam ali compartilhavam de um mesmo sobrenome: “holográfico da utopia”.


Parece distante esta cidade né? Meio loucura que um estudante de Psicologia tenta criar, mas não é. Ela existe dentro das nossas cidades, e sempre conhecemos alguém da família “holográfico da utopia”, pois ela está espalhada por toda a terra.


Um holograma é uma projeção de algo. Um holograma não existe por muito tempo. Eles existem com várias finalidades, como: demonstrar quem não somos para satisfazer alguém, e sermos amados. E nesta árdua tentativa sofremos, como afirma o Pr. Neil Barreto.


Ser projeção é estar passando por um momento doloroso e triste, e sustentar uma farsa diante de outras projeções dizendo: “está tudo bem!”, quando na verdade, as coisas estão indo mal. As pessoas normalmente, por estarem sempre nessa busca desenfreada pelo amor e aceitação do outro, sofrem com inúmeras doenças psicossomáticas.


Imagine um projetor que nunca desliga! Ele sobre aquece até que queime. Quando do mesmo modo, são as pessoas que vivem apenas como hologramas. Eles aquecem e adoecem, pois não há possibilidade de existir uma vida toda desta forma.


Pelo fato de um holograma chamar a atenção de todos, facilmente nos encantamos com ele, esquecendo que ele não existe, e, quando ele aquecer e parar de projetar essa utopia, iremos nos frustrar, pois nos apegamos a algo irreal. A mídia vende hologramas, pessoas irreais que não existem, e nós, expectadores, amamos e tomamos estas projeções como padrões, e buscamos estes modelos em nosso cotidiano.


Olhe ao seu redor e procure um morador de projections city. Facilmente você vai achar vários moradores desta cidade. Cuidado pra que seu sobrenome não já tenha mudado para “holográfico da utopia”.

5 comentários:

  1. Belíssima metáfora, Gustavo! Este texto merece meus profundos parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Gu,
    fiquei impressionada com a sua capacidade de comparar algo tão palpável à algo completamente subjetivo(e que comparação hein?)!
    o TEXTO TÁ UM SHOW, UM ARRASO!!

    Parabéns de verdade, vc merece!
    Deus te abençoe e continue te presenteando com toda esse inteligência,conhecimento e vontade de passar pra nós sempre um pouco de seus raciocínios!

    beijo,
    Indyara Ribeiro.

    ResponderExcluir
  3. João obrigado pelo elogio!
    ----
    Indy, obrigado pelo elogio! Obrigado pelas suas palavras, amém em tudo o que vc falou!!!
    Beijossss

    ResponderExcluir
  4. uma campanha pela autenticidade... ? rsrs
    Bjos Gabriela S F

    ResponderExcluir
  5. Parabéns, esse texto ficou fantástico,não precisamos olhar muito a nossa volta para encontrarmos alguém da família "Holográfico da Utopia",se formos analisar dentro de nós mesmos existem vestígios desse brasão familiar.Karlla Lizandra

    ResponderExcluir

 
O (In)dizível © 2012 | Designed by Bubble Shooter, in collaboration with Reseller Hosting , Forum Jual Beli and Business Solutions