Sexta Missionária 03

Olá pessoal!!! Como estão?

Gostaria que vocês conhecessem um pouco do lugar onde estou:

Guiné Bissau é um país muito pequeno, sua população chega a cerca de 2 milhões de habitantes sendo que 50% dessa população é animista (praticas africanas, como feitiçaria, vudu e bruxaria), 45% são muçulmanos e 5% cristão, onde desses 5%, 3% são católicos e apenas 2% evangélicos. A língua oficial é o português, porém, a língua da rua é o crioulo, então estamos lutando pra aprender logo. A capital é Bissau e nós trabalhamos aqui...

O foco do nosso trabalho são as igrejas, cada uma das meninas ficam em uma igreja e lá o trabalho é principalmente de fortalecimento e apoio a liderança. Trabalhamos com crianças e jovens, utilizando estudos bíblicos, aulas de teatro, dança, português, EBD, EBF... Apoio a um seminário teológico, o STEB, ao Centro Juvenil, onde há aulas de inglês, francês, basketball, futebol e informática. Lá vão muitos muçulmanos e através desse trabalho podemos falar de Jesus pra eles. Tudo isso eu não faço sozinha, cada uma na equipe tem sua igreja e uma ajuda a outra, afinal, somos um corpo.

Já vão fazer 3 meses que estamos aqui... Hoje estava lendo a primeira carta que mandei pra igreja e queria deixar pra vocês um pedaço, onde eu em menos de uma semana de África tive essa percepção.

Aqui realmente estamos em África, a realidade é muito difícil e andando na rua percebe-se que nem se compara ao que vemos em fotos. Confesso que fiquei com medo de ficar na rua, nossa casa é um refugio. As pessoas ficam o tempo todo ao seu redor, querem tudo o que você tem, é muito sujo, as ruas, casas, a maioria em estrada de terra, só as principais que são asfaltadas e ainda assim tem muitos buracos. Tem poucas casas bonitas, é muita gente na rua, o cheiro é bem difícil de suportar, a poeira tem massacrado nossos narizes e a comida é diferente, mas tenho gostado, comemos arroz, peixe ou galinha (asa e coxa), a carne aqui além de ser cara é ruim, peito de galinha também é muito caro.

Não dá para falar de tudo, são muitos detalhes, vou ficar junto com a Roseni (missionária da Lagoinha que está aqui há 3 anos) na igreja de Bonu 1, serão novas igrejas, um trabalho pioneiro e será em duplas o que alivia mais. Nossa casa é linda, grande e bem cuidada, apesar de não ter quase móvel nenhum estamos vendo a possibilidade de comprar uma geladeira já que a energia do governo está vindo regularmente.

Aqui as ruas não têm postes e onde tem poste com energia está torto e caindo, as ruas são escuras e por isso somos proibidas de sair de casa a noite, e ainda assim aqui tem casas muito bonitas, é um contraste muito grande. O governo muito rico e o povo muito pobre este é o 6º pais mais pobre do mundo. É um absurdo ver a realidade desse povo e andar aqui sem que o coração fique triste.

Água ainda não faltou, só tomamos banho e fazemos comida com água mineral, tem um gosto totalmente diferente e eu nos primeiros dias não conseguia beber, mas graças a Deus tenho me acostumado com o gosto e tenho bebido muita água. Aqui está quente, porém tem ventado um pouco e isso tem aliviado o calor. A poeira tem feito com que eu acorde todos os dias com o nariz entupido e garganta seca.

Bom, depois conto mais coisas... espero que vocês tenham entendido um pouco sobre o lugar. Gente, esse lugar é muito difícil, precisa muito de ajuda das pessoas. O governo aqui não faz nada. O Brasil é um paraíso e vocês não sabem. Não preciso ir muito longe para ver as coisas, é até difícil comer e sair na porta depois. Aqui eles só fazem uma refeição por dia enquanto em casa fazemos três. O mais impressionante são as pessoas aqui. Elas são lindas e por elas vale a pena. Apesar de tudo o que passam tem um sorriso no rosto e isso dá força para continuar.

Com certeza, muita coisa mudou depois dessa carta, o trabalho começou, acampamentos vieram, a malária me pegou, a perspectiva mudou, a Alê chegou e hoje eu vejo uma outra Guiné... mas isso eu vou deixar pra outro post...

Um grande abraço,

Rebeca Marinho

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